Endividamento no Brasil Pós Pandemia

Precisão

Em 11 de Março de 2020, a Covid-19 foi caracterizada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde.

Certamente o único que previu essa tragedia sanitária, foi o cantor Raul Seixas na música em  “o dia em que a Terra parou”.

Antes da chegada da pandemia, a economia no Brasil já enfrentava desafios para imprimir um ritmo acelerado de crescimento, e depois disso os cenários sanitário, econômico e social agravaram substancialmente.

O que se viu foi um recuo da economia em 2020, estendido para os dias atuais.

Segundo estudo de um grupo de pesquisadores especializados em mudança de clima e economia, da rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima), do MCTT, os efeitos da pandemia a longo prazo atingirão o emprego, mercado de trabalho e geração de consumo e renda.

Todos esses dados já refletem diretamente na inadimplência que subiu em 2022, chegando a 65 milhões de brasileiros endividados, alcançando o maior patamar desde abril de 2020.

O percentual, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio, é o maior da série história, cujo mapeamento começou em 2010.

Segundo o mapa da inadimplência experimentada desde dezembro de 2021, o cenário econômico é de grandes dificuldades.

Na liderança da inadimplência, continuam os bancos e cartões de crédito, seguido pelas contas básicas de água, energia e gás.

Os especialistas entendem que a inadimplência no Brasil hoje possui traços diferentes de 2020, época em que o mundo experimentou o início da crise provocada pela Covid-19.

O que vemos atualmente é que a extinção das medidas restritivas está contribuindo para a retomada da economia.

Segundo dados recentes do Banco Central, as taxas de juros médias, em linhas de crédito com recursos livres, as pessoas físicas, aumentaram de 39,4% em janeiro de 2021, para 46,3% em janeiro de 2022.

Com número 10 vezes maior do que o apurado em março de 2021, quase 78% da população está endividada, tendo a proporção de famílias com endividamento ou contas em atraso alcançado o maior patamar da pesquisa.

Segundo os especialistas, o endividamento alto é um reflexo de pouca reação econômica, inflação alta e baixa renda.

A principal faixa etária dos inadimplentes, segundo o Serasa, é dos 26 aos 40 anos (35,2%), seguida de 41 aos 60 anos (34,9%) são mais mulheres (50,2%) que homens (49,8%).

A economia mundial, ainda se recuperando dos efeitos da pandemia, sofreu a partir de fevereiro de 2022 um grande revés, com a guerra entre a Rússia e Ucrânia, e segundo os estudiosos, a guerra certamente retardará o crescimento econômico, elevando a inflação.

Mesmo antes da guerra,  a inflação cresceu em razão da alta dos preços das commodities e da falta de equilíbrio entre oferta e demanda.

A Rússia, um dos principais exportadores e produtores de commodities, que inclui fertilizantes, trigo, milho e petróleo, e com as sanções impostas por vários países contribuem sobremaneira para a elevação de preços e redução da oferta desses produtos.

As altas no preço dos combustíveis são um reflexo de todo o momento e que o país está vivendo, e segundo Isis Fernanda, responsável por uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio, o encurtamento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho, devem seguir afetando a demanda do endividamento e da inadimplência, especialmente em ano de maior incerteza pelo processo eleitoral.

Além do programa de negociações das dívidas, espera-se o aumento de vagas de emprego, diminuição das taxas de juros, e uma política econômica austera por parte do governo, para minimizar todos os reflexos trazidos por fatores plurais, dentre eles, a pandemia do Corona Vírus, e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

Mirian Gontijo

Sócia Fundadora da Precisão Recuperação de Crédito; Vice-Presidente da Alagro - Academia Latino Americana do Agronegócio; Vice-Presidente do MAM- Mulheres do Agro pelo mundo.